sábado, 29 de junho de 2013

498. AS CEM MIL COLINAS





uma mesa giratória no canto da sala água-marinha
um pássaro de plumas marfim escuta estático a voz de falso tenor do piso inferior

açaimada aos anos percorridos no breu pela velha estatueta de bronze
está a boneca de trapos com o sorriso aberto à brisa que vem do rio 

a senhora idosa tão inclinada e absorta 
fareja a tiritar o local do crime original
sem a remissão de bula expiatória por discordância com a divindade irada

a grandeza melancólica dos espíritos peregrinos
eternos descobridores da maresia silenciosa e retráctil
assola as horas tão vastas como lendas conspícuas

os vales verdejantes enegreceram
e sobre as cem mil colinas nem uma águia real ousou voar


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