sábado, 29 de junho de 2013

445. HUMILHAÇÃO





humilhado nas colinas desertas     flagelado desde tempos ancestrais nos flancos do seu reinado
demorara-se nas estrelas
pingos orvalhados de luz a marcar compasso na composição celeste
as árvores olhavam-no com os olhos semicerrados enquanto a lua deambulava quente
as rochas ardiam na confissão que às pacíficas nuvens faziam

jovem rei de verso imperfeito a dividir afectos aos ventos do serão das noites frias de verão
o ar fresco corria-lhe nas artérias     implacável era a chuva a tingir a terra de vermelho
depôs a espada do ódio vencido pelos nevões amenos do poema 
viajou nu
bateu às portas de todas as cidades com as lágrimas escondidas     nenhuma se lhe abriu
as pedras eram a sua leitura os trovões a lamparina e os seus ossos molhados a certeza da viagem no coração dos pássaros a rastejar no chão do espaço

houvesse um deus e deixar-se-ia levar
um promontório onde ficar
asas para voar
incerto no rumo triste do caminhar dos lábios a sangrar beijos


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