desperto só
meio da noite
ilumino o quarto de pedra
a gruta que habito
e vejo vossa imagem suspensa
ninfas de longínquos astros
há um ruído de fundo no aquecimento incerto deste fim de primavera
não faço escolhas
quero-vos às duas
milhafre que sobrevoa campo de girassóis num ostensivo fim de tarde
mergulho na minha alma
ora rude ora sensível
e sem pensar
tendo por testemunha o granito amarelo bujardado
tiro-me o véu do pundonor
arrebato-vos dos céus e dos seus deuses de palha
deito-vos mansamente no meu estrado de carvalho velho
onde sonhos sonolentos se arrastam pelas auroras erécteis
e amamo-nos os três
até que exauridos adormecemos sorrindo como crianças roçadas pela fortuna
num crepúsculo à beira-rio
Sem comentários:
Enviar um comentário