sexta-feira, 28 de junho de 2013

410. NINFAS





desperto só

meio da noite

ilumino o quarto de pedra
a gruta que habito
e vejo vossa imagem suspensa
ninfas de longínquos astros

há um ruído de fundo no aquecimento incerto deste fim de primavera
                                     
não faço escolhas 
quero-vos às duas
milhafre que sobrevoa campo de girassóis num ostensivo fim de tarde

mergulho na minha alma 
ora rude ora sensível
e sem pensar
tendo por testemunha o granito amarelo bujardado
tiro-me o véu do pundonor
arrebato-vos dos céus e dos seus deuses de palha

deito-vos mansamente no meu estrado de carvalho velho
onde sonhos sonolentos se arrastam pelas auroras erécteis
e amamo-nos os três
até que exauridos adormecemos sorrindo como crianças roçadas pela fortuna
num crepúsculo à beira-rio
pombas brancas lado a lado com o sémen derramado


http://www.homeoesp.org/livros_online.html



Sem comentários:

Enviar um comentário