sábado, 29 de junho de 2013

434. AMANHECER NA CIDADE





ao amanhecer
a rua estreita
com o céu entaipado
a chorar o orvalho
do rio vazante

uma janela que se abre
um portão estridente
uma lancheira transporta um obreiro
fato de macaco azul pardo
dolente e vazio

uma varina
um cabaz de peixe prateado
tirado do frio da cave
e vendido nos subúrbios
como agora pescado

um jovem marceneiro
noite mal dormida
no calor de vendedeira
abre a porta da oficina
contrariado e mal pago

e a cidade move-se
pestífera
num grito atroz



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