sábado, 29 de junho de 2013

499. ENCOBERTO





erro atrás de erro no caminho da estreita via     retorcida a senda     torta e entontecida     não paro     os passos cambaleantes transportam-me para um outro mundo de multidões exaustas pelos pecados que me atormentam nos nós dos dedos 
e tu senhor que devias vigiar a macieira dos frutos carnudos e as arestas limar navegas na barca da terra árida mudo de compaixão     estás perto de tanto e longe de tudo 
junto a mim bebes das minhas águas comes do meu ázimo e conheces-me     desde o princípio dos tempos decepcionantes 
vês o meu pranto submerso em remorsos     os insistentes delitos     diabo     porque não arremetes contra a lança do desespero e me soltas os parcos cabelos que não alumiam a noite nem ao dia concedem alegria 
mostra-me a tua face ao escurecer para que durma à sombra das estátuas vivas da avenida florescente 
não é em vão que te peço e me despeço ao adormecer nas ondas do mar sem fim e do céu cruel     perco-me sem ti 
de que latitude parti eu que me desconheço     em que longitude sofro eu que me despeço 
tudo é deserto areias sem fim 
um coração que sofre arrancado brutalmente ao peito ferido     já nada sei     a noite aproxima-se e eu sofro 
e tu meu amigo como me és encoberto


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