sexta-feira, 28 de junho de 2013

426. MAR DA DOR





o mar da dor não tem vento     o vento do mar azul a dobrar cabos e alcantis verdes

nas noites intermináveis das escadas em derribamento
dos pântanos que escorrem para as valetas das marés
fazíamos um barco de papel com velas de era-uma-vez

havia carros de bombeiros com os rostos encobertos por momentos de silêncio
havia bocas a rolar na água encostada aos mortos
cegos pela memória

meia-noite
o relógio toca no mármore nu
limpo
poeira iluminada por fios de luz da cidade prisioneira das badaladas comprimidas

e o resto da existência
a medo
de joelhos
em penitência
atormentada por flechas de luz insuportável
dói
na insónia do teu ombro ausente


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