o mar da dor não tem vento o vento do mar azul a dobrar cabos e alcantis verdes
nas noites intermináveis das escadas em derribamento
dos pântanos que escorrem para as valetas das marés
fazíamos um barco de papel com velas de era-uma-vez
havia carros de bombeiros com os rostos encobertos por momentos de silêncio
havia bocas a rolar na água encostada aos mortos
cegos pela memória
meia-noite
o relógio toca no mármore nu
limpo
poeira iluminada por fios de luz da cidade prisioneira das badaladas comprimidas
e o resto da existência
a medo
de joelhos
em penitência
atormentada por flechas de luz insuportável
dói
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