sábado, 29 de junho de 2013

450. BEIJO O MEU PRÓPRIO CORPO





um aperto nos pulmões lavados pela nicotina das horas desertas
a certeza de que o teu córrego corre na direcção do remanso
pode dizer-se ou diz-se podendo ou não saber-se o que se diz que a intuição não sendo absoluta nada à superfície das dores de sangue     sei que travas campanha em nova vereda julgando que no beco de paredes amortecidas existe a terra prometida
fico-me
por aqui
como sempre
liberto da ilusão
por ti
anunciada
não levanto o auscultador gasto de palavras aquecidas pelas verdades relativas dos viajantes estelares     aguardo que o sono se arraste pelo colchão sem lençóis e pelo ruído dos aviões que no alto piscam luzes saudosas
os barulhos distintos sucedem-se no asfalto remendado por bandeiras de carne humana apodrecida às chuvadas intensas de verão     aos temporais
a lua sobe pelas estrelas
uma a uma
sóbria
diligente
tu já não vens
adormeço no regaço da solidão
e beijo o meu próprio corpo


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