sozinho ao sol
os raios quentes penetram-me a carne
não penso nada
uma brisa percorre
lentamente o meu corpo
e sei sem saber porquê
sei que a minha alma me basta
sem que possua ou seja possuído
sem dono
sem escravo
sem nada
sei que me basta ser natural
ser o que sou
o animal humano que deus gerou
ser
apenas
ser
como a árvore frondosa
que no silêncio da tarde
deixa que lhe tirem os frutos
e abençoa com sua sombra
todos os que a procuram
como a luz da candeia que ilumina
a igreja e o presídio o padre e a prostituta
o santo e o ladrão
ou a chuva que alimenta e faz crescer
o pão e as ervas daninhas
quem me dera que os meus dias
fossem passados com a paz de uma flor ou
a das paredes brancas da casa grande da colina
a afagarem o sol e a lua
sendo o que sou por sê-lo
tal como a flor exala o seu perfume
sem saber qual o seu odor
e a parede a sua alvura sem saber a sua cor
e assim
ser o que sou
apenas
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