sexta-feira, 28 de junho de 2013

391. SER APENAS SER





sozinho ao sol

os raios quentes penetram-me a carne
não penso nada

uma brisa percorre 
lentamente o meu corpo
e sei sem saber porquê
sei que a minha alma me basta
sem que possua ou seja possuído
sem dono
sem escravo
sem nada

sei que me basta ser natural

ser o que sou
o animal humano que deus gerou

ser
apenas

ser

como a árvore frondosa 
que no silêncio da tarde 
deixa que lhe tirem os frutos 
e abençoa com sua sombra 
todos os que a procuram
como a luz da candeia que ilumina 
a igreja e o presídio o padre e a prostituta 
o santo e o ladrão
ou a chuva que alimenta e faz crescer 
o pão e as ervas daninhas


quem me dera que os meus dias 
fossem passados com a paz de uma flor ou
a das paredes brancas da casa grande da colina 
a afagarem o sol e a lua
sendo o que sou por sê-lo 
tal como a flor exala o seu perfume 
sem saber qual o seu odor 
e a parede a sua alvura sem saber a sua cor

e assim
ser o que sou
apenas




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