os teus olhos fulvos cor da baça pelagem disseram afasta de mim esta morte anunciada a violência a escravidão
não me mates
afasta de mim o cálice dos condenados o fel
dá-me a tua mão os teus dedos de amante as lágrimas que rolam na tua face
que se espalham pelo chão
não me mates não sou simplesmente um animal um cão em verdade te digo
sou o teu melhor amigo
não ouças os eunucos
os biocidas exterminadores
vê sente ouve
as minhas dores
mas
não me mates
deixa que a morte venha não esta
quero a morte
a que mata o sofrimento
a nossa a morte
o nada o pleno
o fumo eterno
a morte que mata a morte
a que é forte como o amor
onde não há lamento ódio vingança
a nossa morte
a bem-aventurança
não não te mato dessa morte humana de crueldade falsidade morte desalmada
ouve
força de vida
sopro da montanha –
para quem se arrasta
o pôr-se em pé basta
não não te mato
e se à palavra dada faltar
que seja eu o primeiro a morrer
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e se te matei
por não suportar
por tanto te ver sofrer
mesmo assim
deveria ter sido eu
o primeiro a morrer
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