sexta-feira, 28 de junho de 2013

414. NÃO ÉS UMA ÉS TANTAS...





não és uma

és múltipla como o rio grande que beija furiosamente o cais ferido pelo movimento eternal das aves nocturnas

mistério infernal de quem quer que uma seja a que tantas é
na espreguiçadeira do quotidiano renascido nos gemidos abafados por lustres em chamas

não és uma
és tantas
e eu quero-te
uma a uma
no frémito dos beijos molhados a maresia
no amplexo dos corpos desdobráveis em prazeres viciosos
do júbilo da morte das tardes de névoa obscena

quero-te 
para que possa tocar 
em cada crepúsculo veneziano
um dorso quente e diferente
quero-te em cada dia
corpo vazio a amar diferente
na luz sombria 
ano do dragão vermelho
quero-te ainda que teu olhar



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