não és uma
és múltipla como o rio grande que beija furiosamente o cais ferido pelo movimento eternal das aves nocturnas
mistério infernal de quem quer que uma seja a que tantas é
na espreguiçadeira do quotidiano renascido nos gemidos abafados por lustres em chamas
não és uma
és tantas
e eu quero-te
uma a uma
no frémito dos beijos molhados a maresia
no amplexo dos corpos desdobráveis em prazeres viciosos
do júbilo da morte das tardes de névoa obscena
quero-te
para que possa tocar
em cada crepúsculo veneziano
um dorso quente e diferente
quero-te em cada dia
corpo vazio a amar diferente
na luz sombria
ano do dragão vermelho
quero-te ainda que teu olhar
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