terça-feira, 18 de junho de 2013

187. PEDRO SÓ





sentara-se na esplanada
lúcido     atento 
com vista para o muro de calcário
um copo de vidro velho 
a balançar nas mãos trémulas

um copo de rum vale mais 
do que todo o desassossego do mundo

por ali passavam passos
uns à frente outros atrás
das difusas tristezas 
a consumir consciências

de seu nome pedro
pedro só
sem mulher filhos parentes
confessava-se amiúde a seus companheiros 
as taças ora vazias ora cheias de melancolia ou alegria

de nada lhe valera o templo
as longas horas de meditação e súplica
na ausência do corpo

não sabia se deus existe ou não
e hoje nesta tarde efémera mas presente como um raio de sol 
pouco lhe importava saber se iria ou não saber o que nunca saberia

era ele e o rum e o muro intransponível
e a verdade de não haver verdade em lugar nenhum


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