sentara-se na esplanada
lúcido atento
com vista para o muro de calcário
um copo de vidro velho
a balançar nas mãos trémulas
um copo de rum vale mais
do que todo o desassossego do mundo
por ali passavam passos
uns à frente outros atrás
das difusas tristezas
a consumir consciências
de seu nome pedro
pedro só
sem mulher filhos parentes
confessava-se amiúde a seus companheiros
as taças ora vazias ora cheias de melancolia ou alegria
de nada lhe valera o templo
as longas horas de meditação e súplica
na ausência do corpo
não sabia se deus existe ou não
e hoje nesta tarde efémera mas presente como um raio de sol
pouco lhe importava saber se iria ou não saber o que nunca saberia
era ele e o rum e o muro intransponível
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