sabe-me a mundo
o rumor da água da ribeira
contínua
a saltar de alma em alma
tão verdadeira
que de a ver
julgo ver a terra inteira
*
frio lá fora
leve película de neve
cobre o jardim
afaga o pelo do crestelo
no recolhimento da vidraça
cresço por dentro
tal erva da calçada
queimada pela geada
*
são dores que sinto
trémulo e melancólico
sem saber o que faço
o que quero
apenas mudar
ser
ser como quem vive
viver como quem é
amar sem saber
morrer como quem nasce
*
perco-te com dor
mas perco-te
como quem ama uma virgem
sem ousar tocar-lhe
e se tudo pareço ter perdido
digo-te –
resta-me a solidão da coragem
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