antes queria estar altivo
no alto na serra
esquadrinhar a terra
falar de bichos aos bichos
beijar as árvores as faias
sentir as nuvens no rosto
pisar os cachos fazer mosto
uma só erva uma só
contém o amor e a verdade
da humanidade inteira
e as pedras como são belas
apaixonei-me por vós
e com que ardor força
tensão íntima a ganhar volume
intensidade gozo e vaidade
disse ao milhafre o que não vos posso dizer
ciúme de pobre mortal acorrentado ao chão
ao rebanho para repousar na sombra do castanheiro
não vá o sol ensandecer
e ao pastor que toque a flauta
sempre sempre que quero adormecer
a melodia ouve-se ao longe a perder de vista
a vista também ouve e o ouvido vê
a gente foge do medo mas volta ao entardecer
não vá a noite levar-nos em desditosa aventura
misericórdia deus da montanha
misericórdia e piedade
arrasta-me desta colina
afugenta-me esta saudade
já não amo ninguém
que dor e maldade para os animais de duas patas
nem sequer a santíssima trindade
blasfémia tentação do demo
vá de retro satanás cruzes canhoto
besta impaciente
que o menino está embruxado
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