passos do deslumbramento
nela arquitectam-se muros
nos lilases que sonham
a terra vê-a deambular
na artéria de uma só direcção
no sem-sentido das horas vadias
num quarto andar
um pincel movimenta-se
contraponto mágico
de azul descorado
e anémico
as luzes apagam a vida
eroticamente
sem fé
resta-lhes a festa do sexo
da lua de sexta-feira
a descer o chiado
24 de julho
o rio
a sorver o empedrado
tóxico
como aqueles dois polícias
com medo dos ladrões
(os polícias só servem para chatear garotos e multar condutores)
uma última pincelada
o quadro desfaz-se em partículas atómicas
destelhadas
ilógicas e inaptas
paranóia
que quem vive
não vê
Sem comentários:
Enviar um comentário