terça-feira, 18 de junho de 2013

201. ÚLTIMA PINCELADA





passos do deslumbramento
nela arquitectam-se muros
nos lilases que sonham

a terra vê-a deambular
na artéria de uma só direcção
no sem-sentido das horas vadias

num quarto andar
um pincel movimenta-se
contraponto mágico
de azul descorado
e anémico

as luzes apagam a vida
eroticamente
sem fé

resta-lhes a festa do sexo 
da lua de sexta-feira
a descer o chiado

24 de julho
o rio
a sorver o empedrado
tóxico
como aqueles dois polícias
com medo dos ladrões 
(os polícias só servem para chatear garotos e multar condutores) 

uma última pincelada
o quadro desfaz-se em partículas atómicas
destelhadas
ilógicas e inaptas 

paranóia
que quem vive 
não vê



Sem comentários:

Enviar um comentário