terça-feira, 18 de junho de 2013

175. A SOMBRA DA MORTE





quando a sombra da morte vier com seu séquito imperial
ostentando negros e sujos estandartes de devastação
fazendo tombar no meu frágil dorso o lodo ancestral
contarei os dias desfiando o rosário da memória
envolta no manto desprezível da vida absurdamente sumida

procurarei nas multidões o anjo do amparo
segurarei sua mão fortemente para que não mais me abandone aos horrores terrenos
enquanto vós falsos amigos
me ireis levar em oscilante ataúde
para o pecaminoso cemitério do burgo

as luzes expiram
agora dorme-se
sono sem sonhos
morte em vida

para que na morte possa então sonhar
com novo mundo nova vida
tudo do tamanho da palavra amor

e a vós adulterados e tristes amigos de ocasião
pseudo-homenzinhos 
curtos de vista e largos de lérias
chamados ao derradeiro instante
irei olhar-vos com a brandura de uma partida
sem o azedume de tão curtas férias


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