segunda-feira, 24 de junho de 2013

326. PEQUENOS POEMAS





a lua
foi condenada
à solidão

abandonada
só os amantes
lhe estendem a mão


*


na tarde fria
quem me dera

ora
quem me dera
que me fizessem suar


*


chuva de verão – 
alegria dos cachos
pendentes

tristeza de meu coração
indiferente ao tempo


*


nem sempre as flores
brotam onde possam ser contempladas –
algumas esquecem-se de si


*


o outono molhado
cheira nos pinhais 
à canela dos teus olhos


*


quero o meu túmulo
virado a nascente
para que o sol me aqueça
diariamente
para todo o sempre


*


o mundo enfeitiçou-me
tu enfeitiçaste-me –
já não sou eu

sou um objecto
teu


*


uma gaivota plana
um cão corre no areal – 
serenidade à beira-mar


*


um relâmpago
no céu
ilumina o paraíso


*


o búzio 
de tanto escutar o mar
não cessa de o cantar


*


uma aranha ágil
enreda as moscas na teia
como quem ama


*


pardal e rouxinol
no mesmo galho florido –



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