domingo, 23 de junho de 2013

265. À MINHA AVÓ






lembro-me dela 
pequena      
frágil
magra 
negra de luto 
à imagem do mundo
caminhando sem pisar
o pó dos caminhos

lembro-me dela
de olhar vivo e profundo
no escarpado e longo pesar

na face 
a beleza do granito
por deuses esculpido
no corpo 
o aroma do pinho
na voz 
a melodia do estorninho
a inebriar o vento
tão atento
da fraga do barroco

num amar lento e seco
a perder de ver
de quem espera a morte em segredo



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