domingo, 16 de junho de 2013

79. HÁ...





há a sombra do medo nas coisas que amo

há uma cave vazia no poço do tempo

há uma estrada vazia onde o dia finda

há um arbusto em movimento no ciclo misterioso do nascimento

há um vazio de riacho a correr nas veias da terra

há um castelo uma carruagem e um rei sem trono

há um campo de areia semeado com sal

há a calúnia do riso e o insulto da oração

há a voz cega dos objectos e a surdez muda dos homens

há o vento que sopra na mão cheia de ídolos alienados

há corpos de vigia no anoitecer das avenidas

há a ilusão do multíplice no carreiro do uno

há a ilusão do tudo no caminho de um só dia


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