sábado, 22 de junho de 2013

247. A IMAGINAÇÃO DO POETA





a imaginação
do poeta
tem de ser
maior do que o universo
mais violenta
do que uma noite de núpcias
mais amorosa
do que um corpo
vestido de vermes
ao frio horrendo
exposto

primeira fila
primazia outorgada
ao valor
do agora
assim como assim
consolação da morte
na desgraça possível
do gancho de jade
da flor selvagem
sobre os montes
enobrecidos

versos
verdade das coisas
à beira das margens
do rio negro
onde despes o corpete
e banhas as veias
brancas
com doce mel
cristal a reluzir
à voz do outono
em terras alheias

quadras
a desfazer rosas
enquanto o dia 
leva a noite
nas luzes das estrelas
para a orla
da floresta calada
onde as espigas
são aos molhos
na passagem 
para outra vida

marinheiro
sou
com amor
poeta
não
a minha alma
é do mar
do oceano sem fim
da glória das vagas
para onde os corvos
voam
e cantam
a vida é o dia de hoje



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