de seu nome idalina
viera para a capital servir
vistosa
sorriso brilhante
olhos meigos de corça
a fazer embicar apetites nos dias insípidos
de vida descolorida misérrima a flutuar na profundidade do abismo
o mesmo de sempre
café com leite a escorrer nas canalizações adelgaçadas dos patrões o pão com doce e mel o almoço o lanche dos meninos joão o franzino maria a estouvada elizabete a ajuizada (como a rainha) a ceia o chá do adormecer
os babetes de cuspo os raspanetes da madame emproada em sub-rogação do garnisé e o balbuciar do patrão primeiro caixeiro de roupa interior numa loja do chiado
os pratos compostos e sem compostura gordurosos por lavar a roupa das camas por engomar o pó por limpar
trabalho povoado de murmúrios obscenos e por meia dúzia de moedas carago
conheceu-o ele um pintas azeiteiro todo catita à porta do baile de domingo no lumiar
olá menina ela sorriu-lhe
apaixonada de fome canina
tanto bastou
o corpo nos pratos sujos do desejo e das perversões
clientes a cheirar a cais odor de cabos de atracação com alcatrão a roçar os fios dos sovacos
a render e à disposição
do pagamento
a dividir
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