terça-feira, 3 de junho de 2014

694. PEQUENOS POEMAS




os dias deviam ser ronceiros
como lesmas sem rastro
ou veleiros em delicada brisa




três chaminés enormes
em perfeita quietude –
que desperdício




abomino telhas e soalhos
não assim o céu e o mar
na maresia que em mim nasce




para esta viagem
a melhor companhia
é o silêncio da solidão




sol do meio-dia 

no rio a imagem do céu
na cabecita da rã




dia de primavera –
as ruas sujas da cidade
ignoram-no




do longo e frígido inverno
nasceu fugaz primavera
como paixão de amantes




a seara na serra
é um mar verde
a ondular ao vento




no cemitério entre mortos
leio as inscrições da memória –
uma lágrima inunda os sepulcros




que na hora da morte
o azul do céu seja meu tecto
e a terra eterna companheira




a correnteza do rio inundado
lembra-me a beleza de teu corpo
com o meu lado a lado deitado




inverno chuvoso – 
no campo alagado
dois cães fazem amor






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