os dias deviam ser ronceiros
como lesmas sem rastro
ou veleiros em delicada brisa
três chaminés enormes
em perfeita quietude –
que desperdício
abomino telhas e soalhos
não assim o céu e o mar
na maresia que em mim nasce
para esta viagem
a melhor companhia
é o silêncio da solidão
sol do meio-dia
no rio a imagem do céu
na cabecita da rã
dia de primavera –
as ruas sujas da cidade
ignoram-no
do longo e frígido inverno
nasceu fugaz primavera
como paixão de amantes
a seara na serra
é um mar verde
a ondular ao vento
no cemitério entre mortos
leio as inscrições da memória –
uma lágrima inunda os sepulcros
que na hora da morte
o azul do céu seja meu tecto
e a terra eterna companheira
a correnteza do rio inundado
lembra-me a beleza de teu corpo
com o meu lado a lado deitado
inverno chuvoso –
no campo alagado
dois cães fazem amor
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