segunda-feira, 2 de junho de 2014

659. AVE MIGRATÓRIA




desço o rio em árvore seca
a corrente de maré é o berço desta velhice medonha

a proa resplandece de bronze
dos céus jorram lágrimas azuis

o convés molhado
o mastro emproado
cabos inertes ferozmente mordidos pelo piano dos mareantes

mar e estepe
os benefícios da solidão na mesa oval
cabeça entre as mãos crispadas
hora de oração

sorrio
nas nuvens aves migratórias
como eu





Sem comentários:

Enviar um comentário