segunda-feira, 2 de junho de 2014

670. BEIJO SELVAGEM




a galope nos outeiros de maio o silêncio da mulher     hoje os montes enchem-se de vinho puro nas lágrimas da cotovia
breve é o sono da alegria     senhora minha de verde-escuro vosso vestido     na mão cartas de amor já frias
são os meus olhos que padecem envoltos em pesado manto     na calçada a hora que vive o desânimo da insolência vertida nas mágoas flutuantes
as nuvens rodam     a lua não reflecte os cardos carregados pelos indigentes     joelhos que rastejam     pupilas que se embaciam
pedras quebradas
estrada de sargaços
fogo-de-artifício  
os corpos encharcados
deslizam secretos
no charco da avenida
um regato nocturno
como eu quero o sol     banhando-me de novo no ganges nessa multidão insana
o mel dos teus lábios ali junto à torre eiffel
as tuas formas     parte única do meu presente nesse momento de nobres tons
inclina-te graciosa e entende os sons que emanam do coração da terra
beijo selvagem no hálito furioso da fera privada de espírito e razão





Sem comentários:

Enviar um comentário