segunda-feira, 2 de junho de 2014

652. O MUNDO EM CHAMAS




mares que gritam na tapeçaria que não desvia o sorriso das velhas histórias de ninar     no poço da minha alma a cerejeira está em flor     insuportável dor do grão maduro em embaciado olhar

se outra vida não há porque é tão ingénua a alma assim vestida e tão cruel o suplício que o corpo arrosta no coração quebrado?

os pés sobre a terra     na água a graça do cisne     no ar as cinzas das trevas     nunca pares avezinha     voa na minha consciência     suspensa nas altas varandas de capitéis doirados     esvoaça sozinha

errando de olhos fechados pelos túmulos secretos cavados no seio da procela fogem-me os sonhos pela porta aferrolhada     da janela crepuscular voam andorinhas negras     pobres que entram no meu inferno e apodrecem como fruta no mármore que se cala

o mundo em chamas

arde o ódio
e a coragem
incendeia-se
a angústia
e o sofrimento
ateia-se
o pranto 
e o lamento

tudo se confirma     em flamas o firmamento





Sem comentários:

Enviar um comentário