terça-feira, 3 de junho de 2014

693. CORPO INCENDIADO




o regresso das aves nocturnas à mancha esverdeada do testemunho dos infiéis     o sol cai no mundo dos homens entre placas de mármore carregadas de distantes e altaneiras montanhas
ela esperava-o naquela estação cinzenta e fria adornada a mendigos e ouriços solitários     na vastidão do desejo o lótus encarnado e entumecido agitava-se no fumo branco de uma lágrima 
ah as luzes naquele mar imenso da planície ribatejana   sonho de um orgasmo com ramos crescentes
era impossível descrever a ânsia primaveril do coração  submergido nas longas noites de incenso devastado     o beijo do encontro já possuía a essência da peçonha de todas as partidas
árvores verdes brotavam das searas sumidas no êxtase oculto do biombo lacado
um ceptro adocicado modelou a escuridão de seu corpo incendiado





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