terça-feira, 3 de junho de 2014

687. SETE-ESTRELO




sinos cálidos de minha aldeia
altas torres por onde a lua espreita

uma espiga de milho dorme nos pedernais

é ali
que o pastor
naquele luzeiro
do sete-estrelo
sonha
suplicante
e
que a doce boca
sufoca de ânsias

sonhos de ontem nascidos ao som do luar
vento oblíquo nas carnes invisíveis
dos cedros ancestrais do ermitério abandonado

o bosque agita-se
longe o cismático mar
e o coração de todos os afogados

labirinto de barcos naufragados
tranquilamente afundados no sangue aberto
ramos de loureiro ferido de verdades

na curva do rio as pombas são sombras nos beirais
luzes esverdeadas dos pinhais
onde as cigarras esmolam eternidades





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