segunda-feira, 2 de junho de 2014

686. DIANTE DE TI




diante de ti onda em rebentação me ajoelho

nos céus vejo santa bárbara em cada trovão entrado pelo ferrolho da noite

naufraga um diadema na fronte da que partiu
ditoso é quem parte     destino aziago de quem fica

o dia leva a noite
nada há como dantes
sonhos de glória
fama das cidades
enigmas desvendados
por filósofos displicentes

na rua pés e cabeças de porcelana     os descobridores de abismos celebram os seus feitos enquanto na quinta hora o poeta se retira no dó de si

já não se ouvem sons celestiais
nem os cantos que rumavam de oriente para ocidente nas noites estreladas

nos nossos dedos vitrais de cores vivas
na nossa mente rumor das ondas entristecidas
como vosso olhar
flor rubra desistente do mundo e dessa fé que aniquila a magia do luar
tão taciturno e contemplativo na nervura dos seus raios
que nada assim vistes nesta erma negrura
onde não cabe a palavra amar





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