quarta-feira, 25 de setembro de 2013

583. AMOR TRANSCENDENTE





diz-se que amou e foi amado por corpos e almas     todas sedentas de amor transcendente     amor de carne divinizada
incapaz de enumerar todos as suas benquerenças no diário vermelho vivo da noite flamante     páginas de sensualidade santificada    
deixou-se constranger pelas paixões que a cada outono eram visitadas pela morte
capitulando uma a uma como folhas ressequidas

hoje são muito poucas     amanhã nenhumas irão restar     nem as rememorações arrastadas para o promontório da viagem sem retornança

já não ouve o sussurro dos corpos na cidade
isolou-se sofrido em abismos vivos

a neve derrete     as nuvens são vastas     no quarto azul não suam os espíritos

tem uma tormenta de areia cortante no coração de filigrana
e na despovoada noite escura
extasia-se no rio que ala as orlas da alma

lua nova de camisa banhada a lágrimas


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