terça-feira, 20 de agosto de 2013

555. EM DOIS VERSOS O MUNDO INTEIRO





vale de flores
um dardo negro esvoaça do beirado

de sol a sol encontro o assinalado com a palidez da morte

homens de outrora saudavam o cuco com as suas enxadas
tão pesadas como canetas de tinta permanente 
vermelha a escorrer     

cai uma telha do cortelho

tinha sido um soldado exemplar
cruz de guerra de segunda
agora humilhado a cavar      vigiado pelo feitor de bata preta
sim senhor prior mas a terra é dura


ignoram-se paraísos
corações esmagados por ídolos de madeira
o peso da minha dor sentado na cadeira de braços triturados
roída por verminosos ratos

e as intrigas?

ouve meu filho     e tu meu amigo estelar     vive e deixa viver     rejeita a carcoma
quantas vezes mel ou é foda ou canelada
conada de palrador gerado em viveiro

que se erga o pregoeiro no meio dos corpos santos     se os houver

que levante as mãos ao céu quem as tiver

cinzeiro de prata efervescente     porteiro da morgue
não há quem lhes toque 

e o umbral da porta?
em dois versos se abrange o mundo por inteiro


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