quarta-feira, 8 de outubro de 2014

776. OPERÁRIO DO SEXO



estou aqui neste mundo pardo
obrigado a amor fazer        operário do sexo a arar campos ressequidos
a boca atola-se na terra que queima as paredes do quarto rústico
                 as tuas pernas nas minhas
um sorriso uiva no papel amarelecido desfeito em lágrimas de esperma
não posso dizer não        não posso
negar-te o músculo que me entrega o destino fatal
                irrevogável é a vereda deste pobre mortal
perdido nas horas
espasmo após espasmo
            construo no hábito
            a ilusão do amor
                 e grito





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