domingo, 16 de junho de 2013

99. PEQUENOS POEMAS





trazia nos olhos
o brilho
do alto mar


*


um pião rodopia
outro pião remoinha no chão
o chão móvel o pião imóvel


*


a história da flor de buda –
quantas flores já eu ergui e
como ananda nada compreendi


*


tinha no rosto o orvalho das lágrimas
vertidas na alma geada do vale


*


as noites de inverno
são longas e frias
a menos que amor se faça


*


a minha sombra na noite profunda
sou eu que sombreio
ou é a sombra que me nomeia?


*


saudade – 
com os sapatos na mão
o jogo da bola


*


no tanque de granito
flutuam rãs
entre limos


*


na face da minha mão
um grilo –
que ternura


*


sem pressa
o velho sobe ao telhado
com as calças descosidas no rabo


*


campos secos
uma silhueta no poente – 
alma morta ou doente?


*


pinheiros altos gritam –
vozes aflitivas
nas labaredas que vibram


*


as cigarras
como as raparigas na eira



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