trazia nos olhos
o brilho
do alto mar
*
um pião rodopia
outro pião remoinha no chão
o chão móvel o pião imóvel
*
a história da flor de buda –
quantas flores já eu ergui e
como ananda nada compreendi
*
tinha no rosto o orvalho das lágrimas
vertidas na alma geada do vale
*
as noites de inverno
são longas e frias
a menos que amor se faça
*
a minha sombra na noite profunda
sou eu que sombreio
ou é a sombra que me nomeia?
*
saudade –
com os sapatos na mão
o jogo da bola
*
no tanque de granito
flutuam rãs
entre limos
*
na face da minha mão
um grilo –
que ternura
*
sem pressa
o velho sobe ao telhado
com as calças descosidas no rabo
*
campos secos
uma silhueta no poente –
alma morta ou doente?
*
pinheiros altos gritam –
vozes aflitivas
nas labaredas que vibram
*
as cigarras
como as raparigas na eira
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