domingo, 16 de junho de 2013

84. À PORTA DA PADARIA





cinco ou seis horas
madrugada
à porta da padaria
uma cigana idosa
aprisionada
ao negro tecido
profundo
tão profundo 
quanto o universo
chora em segredo

um casal de jovens 
beija
lábios gelados
faces pálidas
noite acordada

um vagabundo acanhado
barba branca de neve 
acarinha a muda melancolia
olha o céu busca a alma
em estrela anónima

entretanto
a padaria abriu
as suas portas
e o céu fechou-se 
na realidade do pão quente


http://www.homeoesp.org/livros_online.html



Sem comentários:

Enviar um comentário