sexta-feira, 14 de junho de 2013

39. TRAVE MESTRA





trave mestra

o carro
cai na chuva
desfeita

abre-se o clarão
do dia em dor

a mala a parir
alteia a voz

pássaro
a vomitar fumaça
na gente que passa

o céu varrido
por raparigas apertadas
de desejo

um jovem imprudente
beija uma donzela
frente ao pai dela

na rua nua
um brasão
um coração em brasa

imaginação imprevidente
no saco de lixo a apodrecer
ao amanhecer

a poesia
canta o silêncio
em fá sustenido 

nos poemas
os répteis das palavras
um homem falido

carteiro
sem cartas
de amor

mendigo
sem lenço
nem lençol

alma gasta
nas tripas



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