domingo, 16 de junho de 2013

118. PEQUENOS POEMAS





uma barca vermelha
no golfo quente
derrama flores de primavera
por todos os que na profundidade
em descanso sepultados
têm seus nomes silenciosos
em algas gravados


*


ali na favela
eu ladrões e gente séria
sob o mesmo telhado 
zincado
com as estrelas a espreitar
pelo buraco


*


a miguel angelo

a corpo que se quer acabado
por mão de homem esculpido

por complexo 
por opção de sexo

de certo e sabido é que
algo perfeito lhe há-de faltar


*


a flor repousa
na soleira da porta
onde a montanha começa
e as crianças 
são reveladas


*


lágrimas do céu
caem nas telhas partidas
nos buracos do telheiro
do vagabundo esfarrapado

tão em paz
sono profundo
de frio morto  
e
que para ali jaz
sem acordar sem ser notado



*


nem a borboleta
parece querer ficar
neste país da treta

afinal quem é ladrão
dirigentes governantes
que estão fora de grades
ou os que estão na prisão?


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