uma barca vermelha
no golfo quente
derrama flores de primavera
por todos os que na profundidade
em descanso sepultados
têm seus nomes silenciosos
em algas gravados
*
ali na favela
eu ladrões e gente séria
sob o mesmo telhado
zincado
com as estrelas a espreitar
pelo buraco
*
a miguel angelo
a corpo que se quer acabado
por mão de homem esculpido
por complexo
por opção de sexo
de certo e sabido é que
algo perfeito lhe há-de faltar
*
a flor repousa
na soleira da porta
onde a montanha começa
e as crianças
são reveladas
*
lágrimas do céu
caem nas telhas partidas
nos buracos do telheiro
do vagabundo esfarrapado
tão em paz
sono profundo
de frio morto
e
que para ali jaz
sem acordar sem ser notado
*
nem a borboleta
parece querer ficar
neste país da treta
afinal quem é ladrão
dirigentes governantes
que estão fora de grades
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