terça-feira, 3 de junho de 2014

690. CURANDEIRO DO PRAZER




no campo estercado
da ave as penas ensanguentadas
no terror mudo
de cinzelada mascarada

uma sensação de trovão fresco penetrava a tarde quadrada do outro lado do rio
estrada orvalhada no deserto
hálito de iras nas mãos frias

tudo é vaidade dizias
e à meia-noite começo do meu dia observava-te sereno como figueira em penhasco seco
talvez seja um curandeiro do prazer que morde e é mordido em acto de amor fazer por coroa de pássaros tropicais     talvez o que grita e não é ouvido     o mais esquecido dos sonos de inverno     o rio poderoso das terras negras do fim do caminho     o fio de sol que aquece os gélidos aromas

uma mão é-me estendida com a paciência das nuvens em movimento 
quanto mais me aproximo menos vejo





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