segunda-feira, 2 de junho de 2014

655. MARIONETAS




na praça as marionetas grunhiam
o povo repartia as túnicas feitas pedaços de entranhas
das negras andorinhas

do ocaso nascera a sorte de pobre cavaleiro
cavalo morto pela pestilência do tempo

um grupo de homens descalços com a identificação nos rostos salgados encaminhava-se pesarosamente para a aldeia
caminhavam de costas com o arco-íris poisado nos ombros salientes
trevo e violetas cresciam nos cabelos escritos de mágoas     homens presentes perdidos com seixos do rio enrolados nas mãos encarquilhadas

uma velha conduzia um jumento à vara
pássaros mudos     vinho azedo     madressilva a roçar requebrada o salgueiro

o sol caía nas ruínas da miséria





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