segunda-feira, 2 de junho de 2014

653. A TERRA DOS MORTOS-VIVOS




a miséria suspira no olhar que na fonte se afunda

vacas magras pastam junto ao caminho
onde um guia nos transporta pelas lajes do tempo ao meio-dia

árvores que enlouquecem     nos cílios os restos mortais sobejantes de amores gémeos

feridas iluminam-se nos casebres da aldeia

cai neve
o vento ronda para nordeste
a ponta dos dedos frios toca silenciosamente o mundo que agoniza

o trem das sevícias
para trás ficam todos os sonhos
os tons de azul dos espasmos dos lábios secos
os mais magníficos dos instantes

para além do horizonte dos carris prateados
a terra dos mortos-vivos





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