segunda-feira, 2 de junho de 2014

636. SEM FIM É A PEREGRINAÇÃO




despedaçou-se 
a rijeza serrana
duas lágrimas 
correram na face enlutada


senhor
tenho contas a ajustar contigo 
consintas ou não
venhas ou não
terás de me ouvir


as ruínas da paisagem
arruinaram a criação

sem beleza a viagem
sem fim é a peregrinação

procuro uma nação distante
um paraíso em gestação

uma paz que seja constante
um novo coração para amar

tenho tanto para dar
pouco importa receber

e mesmo que tenha de sofrer
com a alma rasgada de amor

receber-te-ei nessa alegre dor
que a vida dá ao próprio morrer

porque quem desse modo morre
para o eterno júbilo há-de nascer


quer queiras ou não
terás de me ouvir





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