quarta-feira, 14 de agosto de 2013

539. UM VELEIRO NO MEU ESPÍRITO





movimento diurno da provação     fora a nortada fustiga o mar encapela-o de cinzento com a verdasca ressequida dos últimos guerreiros

um veleiro no meu espírito
uma quimera em meu estreito
arbítrio imponderado
corpo que em sonho me tenta
em pobre verso lírico
depressão sanguinolenta
escolha adiada

logo haverá luzes no terreiro e sonhos com mulheres de diamante     bainhas talhadas por deuses em cópula ungida a mirra

o som de mozart inunda o aposento
mozart não é gente é sinfonia ou quarteto     mozart não existe     a sua música sim
o mesmo me irá acontecer a mim
permanecerá toda esta palha humedecida sem préstimo aguardando a queimação

uma escala de fá sustenido alaga os corpos irrepreensíveis da aparência de meretrizes e das filhas dos deuses que penetro no sono rudimentar de ancestrais desejos

a alma ferreamente apertada por cadeias de aço detona     escuto-lhe o impulso     que mais hei-de eu fazer 
que mais poderei querer?

a carne     o sestro que encandeia borra de negrura a mantilha nívea da probidade adormecida em suave leito azul-celeste
enquanto o vento ronda para leste


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