os ossos da memória
vergavam o cérebro no vazio
da avidez e da inveja
dos edifícios calcinados
mudança frívola da autoridade
calcada da avenida
aniquilada pela dissolução
do patético rol das lembranças
ao anoitecer
a chama da atenção
alimentava o fogo da criação
nos escombros das necrópoles
de portais escancarados aos vivos
havia uma sensação de amor
recordação de corolas murchas
no solo arenoso da alma
e na atmosfera húmida
envolta em insuportável imensidão
de mecanismo gasto e ressequido
entes pálidos flutuavam
moribundos do pensamento
pela brisa escura soprados
dos mais profundos enigmas
a memória movimentava-se
agora com lentidão
na essência da morte
e no cárcere do tempo
em cinzas do passado
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