o sol morre lentamente no horizonte
coberto de paredes de betão
sombras do dia arrastam-se na pequena ilha da cidade
a praça deserta
a contemplar a massa gigantesca de pedra
duramente aparelhada
e a maria dedicada
para além da ponte de apaixonados e suicidas
os pequenos bares aconchegantes
bystro bystro bystro
beijos rosados no jardim do luxemburgo
com st michel a ver e ouvir pesado e pisado por caminhantes da vida abstraídos
a animação
os versos e aforismos dos cerebrais embriagados
onde tudo é demais
quartier latin povoado
de amor imperfeito
perfeito julgado
notre-dame
a visão de dois corpos
em chama viva de amor
dois rostos transfigurados
em incandescente paixão
passos lentos
de mãos apertadas
dedos contra dedos cerrados
uma única verdade
a penetrar na catedral vazia
casa de santa maria
no altar
nos frisos
esculpidas as faces de santos
vivos
no ar o som da solidão
das palavras macias de amor
da antiga adoração
canto gregoriano
a silenciar a oração
mãos apertadas
percorrem a ponte
dois corações em êxtase
olham o rio que corre
cintilante
sinfónico
cantante
mãos que se apertam
mais e mais
um espasmo
outro
a divina sensação
do milagre do amor
repartido em orgasmos
sucessivos
de pão e vinho
aos dois distribuído
e o sena pára
abismado
contraído
de gozo alumiado
um outro arroubo de luz
o mesmo que a virgem santa
na cidade de nazaré
teve quando concebeu jesus
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