sábado, 29 de junho de 2013

483. SERENOS COMO DEUSES





o céu está cinzento mas o teu corpo brilha ao sol
incendiando as florestas que te envolvem
tudo sucumbe à tua passagem
com as leves pegadas das sombras
a acariciarem as giestas de flor branco-puro

espero-te no lado sombrio da noite
o coração despedaça-se na dúvida do consentimento
e a mente obsoleta insensível
fervilha na lua doirada
a banhar
suave
dócil
as estevas

estou só
na solidão
sou a solidão

estou só
no mundo
sou o mundo

abraço os seios da eternidade contra o meu peito sofrido e esvaído
sulco com o arado das mãos os teus cabelos ondulados
graciosos a esvoaçar na quietude do espaço
belos e serenos
belos
serenos



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