sábado, 29 de junho de 2013

469. AS PALAVRAS MÁGICAS





transformei as palavras mortas em seres mágicos
ora castelos de folha de oiro ora pontes submersas
pouco importa se as compreendo
são mágicas
plasmam-se por si na folha branca enquanto a viagem crepita nos carris
falam de si umas às outras encadeando a paisagem entrecortada por soluços
compasso de folhas de outono e frase dos fetos verde-vivo a rebentar na terra negra

são palavras-vivas inapreensíveis
palavras em mutação num sentido veloz e fosforescente

a literatura está cheia de palavras-mortas que teimamos exumar na corrupção das ideias circulares
estereótipos do minimalismo pictórico das fachadas cartesianas

sei     sabemos que nada há de novo debaixo do sol
mas sei que tudo o que é mágico 
o que é novo     não pode ser compreendido
o que é mágico é-o como a bolha de ar na corrente do ribeiro ou a pausa binária no pensamento

amanhã estas palavras já não mais serão mágicas
nenhum coelho sairá da cartola donde irão sair as novas ou mesmas aglomerações de letras que serão de novo mágicas e penetrantes
as antigas sepultadas ao vento que passou e que não voltará a passar
ficam as novas a aguardar a brisa do pão nosso de cada dia


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