sábado, 29 de junho de 2013

457. MUNDO BÁRBARO





choro e lamento 

já fui forte
hoje o não sou
mas
não me conformo
em terra de ladrões

choro

porque há quem em segredo 
chore da alma
com o rosto erguido e a face calma

porque este mundo é bárbaro 
bruta fera em covil grosseiro
vento agreste a arranhar pele de cordeiro

porque os governantes são feitos de pedra dura
que nenhuma compaixão perfura
imunes à dor na carranca disfarçada

porque há crianças que morrem de fome
porque há mulheres que morrem de amor
e homens que morrem de dor

porque há mulheres maltratadas
escravas     violadas
e crianças abusadas

porque há homens a sofrer
o pão que outros comem e
que eles haviam de comer

porque há guerras que matam
estropiam e decepam
os que com ela nada têm a ver

porque há tocas de oiro para os prestigiosos
fortes e poderosos
e para os oprimidos masmorras

porque há os que morrem de saudade
num quarto de solidão da cidade
e são encontrados a apodrecer

porque há crianças que morrem sem ter brincado
sem ter reinado
sem um único sorriso

porque há irmãos crucificados
na justiça cruel e sem siso
por crimes por outros cometidos
  
porque há tristeza e ansiedade
há melancolia depressão e agonia 
em gente miserável do dia-a-dia 

porque há quem noite e dia chore
e veja na cova funda 
seu maior consolo e alegria

porque há poetas mortos
que me dizem a chorar – 
ama e não queiras o mundo mudar

porque no meio de tanto pecador
tanto culpado
tanto criminoso
também eu o sou
por consentir no pecado



Sem comentários:

Enviar um comentário