sexta-feira, 28 de junho de 2013

419. QUEM MUITO AMA NÃO MENTE NEM TRAI





um sorriso singelo numa alma sofrida
em lábios docemente desenhados
uma dor tão interiormente sentida
nesses olhos profundos a mel pintados

um tempo que se julga perdido
na juventude madura de mulher
beijos de um tempo já esquecido
em amor que se não deixa colher

mãos brancas esguias delicadas dolentes
corpo alvo de pureza imaculada nascente
com brandos e longos cabelos de oiro ornado
a cair em seus seios tal rosário encantado

se eu ainda soubesse se eu soubesse amar
nestas velhas mãos de passado distante
e já não houvesse tristeza no meu olhar
a ti feiticeira escolheria para sempre

e com a leveza de uma nuvem
tocar-te-ia a alma nua 
e com a doçura de uma mãe
levar-te-ia mão dada pela rua

segredando-te ao ouvido
que quem muito ama
nunca mente nem trai
e nem na morte olvida
o amor que em vida o atrai


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