sexta-feira, 28 de junho de 2013

408. ÉS MATÉRIA OU ETÉREA?





foges-me animal celeste
a mim     a mim que já não sei nem posso voar

tenho as asas mortas e geladas

o meu lugar é em terra ou no mar
nas asas-barbatanas dos anos percorridos pelo cansaço
como peixe cego que embate no batel atracado na lama gordurosa da laguna 
ou como coche que carrega gente do nada para a cidade colonial do tudo
onde as pernas se abrem e entesouram num ritual obscurecido pelos anos ferventes
e os seios redondos encastrados se erguem clamando justiça ao despotismo arroxeado da união fácil da estrada chuvosa da vida

ou como quem por mal ver 
já não distingue nem sabe
se és matéria ou etérea


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