sexta-feira, 28 de junho de 2013

394. AMO COMO NUNCA NINGUÉM AMOU





o frio do alto fez-me calçar uma luva na mão dormente
com a abóbada do dia a fechar-se no seio do absoluto
olhei o tempo desconfiado de estranheza
e pensei que não é julho ou agosto
noite ou dia     tempo incomensurável
medido por falso passe de alquimia

não conheço as estações     julgo ter transitado 
de planeta galáxia universo e fico triste
sem movimentos na música de água que escorre e paralisa
nas jornadas vegetais vazias do granito cinzento
escuro puro e frio


percebo agora ou às vezes 
que não é preciso amar para amar 
basta olhar     olhar de ver 
olhar sem pensar     olhar de amar 
e então amo 
amo como nunca ninguém amou 
a pedra
o rio 
um ermo 
a nuvem 
o mar e 



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