sexta-feira, 28 de junho de 2013

372. VERSOS DE GRÃOS DE TERRA NAS MÃOS





há quem escreva versos de grãos de terra na mão 

quando tenho terra húmida e fecunda a escorrer pelos dedos
não escrevo versos não penso não me sujo ou entonteço mando fornicar as palavras que conheço 
e as que desconheço

o desconhecido está invariavelmente mais ao norte perto da polar longe de altair
num outro lugar frígido tíbio e imperfeito e o que resta
dormente reside para o poente
nos flancos da lesma esguia

chegou a tarde com as suas nuvens e o céu a parir raios de sol
a aragem solitária solidária na indiferença 
perdulária no amor     precisa o ventar de quem o sinta
de sentir para amar?

chegaram os gestos afáveis da urze e da giesta colorida 
triste fado o de quem vê o mundo de betão
o asfalto em correria e uma única estação num jardim sem luar 




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