há quem escreva versos de grãos de terra na mão
quando tenho terra húmida e fecunda a escorrer pelos dedos
não escrevo versos não penso não me sujo ou entonteço mando fornicar as palavras que conheço
e as que desconheço
o desconhecido está invariavelmente mais ao norte perto da polar longe de altair
num outro lugar frígido tíbio e imperfeito e o que resta
dormente reside para o poente
nos flancos da lesma esguia
chegou a tarde com as suas nuvens e o céu a parir raios de sol
a aragem solitária solidária na indiferença
perdulária no amor precisa o ventar de quem o sinta
de sentir para amar?
chegaram os gestos afáveis da urze e da giesta colorida
triste fado o de quem vê o mundo de betão
o asfalto em correria e uma única estação num jardim sem luar
Sem comentários:
Enviar um comentário