sexta-feira, 28 de junho de 2013

371. O CAIXÃO DAS ALMAS





veio a tempestade com a sua purificação
arrastando barcos para além do mar
corpos desmembrados do espírito
casas destelhadas dos jardins
e um bando de aves
sobrevoava graciosamente os céus em formação

chaminés incendiaram-se
ventos protegeram os corações empedernidos dos burgueses
carregando para os covais
o caixão-das-almas dos pobres

a cidade dormia à superfície
acordada nos subúrbios subterrâneos
onde se gera a violência 
das luzes anónimas

por baixo
as formas suavam incandescentes
ao som de um quarteto envolto em nebuloso fumo
de vozes estranhas
roucas
recalcadas da fama
na busca miserável



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