segunda-feira, 24 de junho de 2013

353. MUNDO DE SAFADOS E CANASTRÕES





cai a noite soturna
soturna
não gosto mas escrevo 
cinza em lágrimas
em lágrimas 
não gosto e não apago 
as palavras não florescem 
nem germinam suavemente 
são arremessadas longe 
levadas pelo vento que as sepulta no vale
na montanha     em qualquer mente
pequenas grandes com erros
tortas e retorcidas 
todas servem à economia 
produto interno bruto líquido resoluto 
miséria     fome     as velhinhas de luto
grossas     magras     esquisitas
de pé     deitadas 
servem para a marmelada 
putas velhas desdentadas     mamadas 
senhoras finas mal fodidas     vacas ordenhadas
esguias secas aos tropeções servem os aldrabões 
políticos advogados magistrados e aos ladrões
cai a noite em cortesia 
até gosto 
gosto e escrevo em letras brandas 
delicadas macias e alinhadas 
como convém à humanidade em fim de página 
em versos de rodapé
inté mais ver chulos e cabrões 
que o mundo vos pertence
é propriedade de safados e canastrões


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