cai a noite soturna
soturna
não gosto mas escrevo
cinza em lágrimas
em lágrimas
não gosto e não apago
as palavras não florescem
nem germinam suavemente
são arremessadas longe
levadas pelo vento que as sepulta no vale
na montanha em qualquer mente
pequenas grandes com erros
tortas e retorcidas
todas servem à economia
produto interno bruto líquido resoluto
miséria fome as velhinhas de luto
grossas magras esquisitas
de pé deitadas
servem para a marmelada
putas velhas desdentadas mamadas
senhoras finas mal fodidas vacas ordenhadas
esguias secas aos tropeções servem os aldrabões
políticos advogados magistrados e aos ladrões
cai a noite em cortesia
até gosto
gosto e escrevo em letras brandas
delicadas macias e alinhadas
como convém à humanidade em fim de página
em versos de rodapé
inté mais ver chulos e cabrões
que o mundo vos pertence
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